Trump nega viver 'guerra comercial' com a China
- de Lidia Salgado
- dentro Global
- — Abr 6, 2018
O presidente dos EUA, Donald Trump, está separadamente preparando tarifas de mais de 50 bilhões de dólares sobre produtos chineses com a intenção de punir Pequim diante das acusações dos EUA de que a China se apropriou incorretamente de propriedade intelectual norte-americana, alegações que Pequim nega. Agora, a avaliação é de que a China terá de buscar novos fornecedores para abastecer seu consumo doméstico. Isso significaria um consumo de cerca de 15 milhões de toneladas de etanol por ano, feito a partir de 45 milhões de toneladas de milho, segundo cálculos da Reuters. Segundo a entidade, a China compra 61% das exportações americanas de soja, o que equivale a mais de 20% da produção nacional. Isso representou quase 55% das importações de Pequim. A China está reagindo, mas não está tomando medidas adicionais.
"A China é uma economia mais dependente das exportações e, portanto, teme pela estabilidade do sistema comercial global", complementa Barry Eichengreen, professor de Economia e Ciência Política da Universidade da Califórnia. "A China não tem a quem recorrer".
A retaliação já teve reflexos no preço internacional da soja.
Nesta terça-feira, o ministro chinês, que escolheu a Rússia para a sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o cargo no mês passado, disse que deseja "mostrar ao mundo um alto nível de desenvolvimento de nossas relações bilaterais e firme determinação de nossas Forças Armadas para fortalecer a cooperação estratégica".
Os EUA alegam que na base da ação comercial está o roubo de tecnologia americana pela China, favorecida pelas leis de investimento chinesas. "A resposta da China era esperada, dada as recentes ações de nosso governo (Trump) em implementar novas tarifas", disse Bob Dinneen, presidente da Associação de Fabricantes de Combustíveis Renonáveis dos EUA.
Após a resposta chinesa, a Associação Americana de Produtores de Soja pediu à Casa Branca reconsiderar as tarifas. "Centenas de milhares de pessoas no campo serão afetadas".
- Não, eu não sei - disse Trump.
Washington justifica ainda o aumento de impostos com alegadas violações da propriedade intelectual por parte da China.
Além desses produtos, milho, sorgo, trigo, algodão e tabaco também estão na lista das potenciais sobretaxas.
Entretanto, Pequim já retaliou impondo tarifas sobre 106 produtos norte-americanos em igual valor. A Aliança Agro promove o agronegócio brasileiro na Ásia. "Não há vencedores numa guerra comercial, e quem a inicia é quem mais se prejudica".